“BIG BRASA - A Crônica dos
Anos Dourados”

 

 

 

Foi o título da Coluna Entre Aspas, (Caderno C) do dia 10 de setembro de 1998, publicada no Jornal Tribuna do Ceará, que trás a capa de meu livro em PÁGINA INTEIRA, cujo exemplar guardo até hoje e que vou transcrever a seguir para os amigos do grupo, na íntegra, sem tirar nem colocar uma vírgula sequer. (Como a matéria está em uma página completa tentaremos “escanear” parte por parte depois:

 

A Crônica:

 

“Livro a ser lançado na primeira quinzena de janeiro fale de um grupo cearense que representou os tempos áureos da Jovem Guarda”

 

Em 1967, Fortaleza era uma sociedade ainda com sabor provinciano, com apenas um canal de televisão em preto e branco, e a música de Jovem Guarda detonando nas emissoras de rádio e nos corações. A cidade era cheia de conjuntos de música jovem chamada yê-yê-yê,, que era justamente o som que os Beatles, o Rolling Stones e Cia Ltda. faziam pelo mundo afora.

 

Em Messejana, o jovem João Ribeiro da Silva Neto, então com 15 anos, exibia orgulhosamente sua primeira guitarra elétrica para os amigos, uma novidade naqueles tempos inocentes e fundava uma bandinha com o nome adequado para a época: Big Brasa.

 

Com equipamentos primitivos para o dia de hoje, mas eficientes para aqueles anos inocentes, o grupo passou a tocar bailes, levando o som de Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, Beatles e Stones, para os circunspectos clubes sociais, escandalizando os diretores com suas músicas consideradas barulhentas em contrapartida com os boleros e mambos de então.

 

O livro “O Big Brasa e Minha Vida Musical – Anos Dourados”, de João Ribeiro da Silva Neto, com 154 páginas, fala de sua experiência pessoal como músico de música pop dos Anos 60, mas abrange também uma época considerada exuberante na história local e do mundo, principalmente na área musical.

 

O mais curioso do livro é a participação de um senhor de 50 anos, o contador Alberto Ribeiro da Silva, no projeto que envolvia adolescentes e suas travessuras, o que dá um choque de gerações tão comum nos Anos 60.

 

Mesmo mantendo uma linha de autodepoimento, o livro passeia pelos fatos inocentes do período, numa linguagem simples, e até coloquial como um bate-papo.  A realidade musical da época, que com várias bandas do estilo fazendo a cabeça do pessoal e invadindo a seriedade dos clubes, se faz presente de maneira leve e indireta.

 

O esquema era interessante. Na medida em que os grupos evoluíam em termos de volume de som e equipamentos, os diretores de clubes ficavam escandalizados com a barulheira infernal para seu gosto, enquanto o som e os costumes evoluíam.

 

O Conjunto Big Brasa tipifica essa mutação comportamental interessante, a partir do instante em que jovens da classe média urbana faziam sua revoluçãozinha de maneira inocente em um palco, tocando para as pessoas dançares, enquanto as cabeças mudavam.

 

Vale lembrar que entre 1967 e 1977, período de vigência do Big Brasa, Fortaleza dispunha de pouquíssimas, elitizadas e tímidas boates, e o escoamento jovem ia para os clubes, condensando a onda toda.

 

As letras românticas e inocentes, a ausência de drogas, e as guitarras e amplificadores de baixa potência, quase sem efeitos, era a receita da felicidade dos anos dourados.  Haja vista que, quando o Conjunto Big Brasa começou a usar os primeiros pedais de efeitos, numa marca de pioneirismo, causou sensação entre a moçada.

 

O livro de João Ribeiro trata de tudo isso, com a leveza de um bate-papo carinhoso e nostálgico.

 

 

Por Luiz Antonio Alencar, editor do “Entre Aspas”

 

 



Exibir capĂ­tulos do livro sobre o Conjunto Big Brasa