Pontos de vista e julgamentos imprecisos, um perigo que podemos evitar!

 

 

João Ribeiro

 

Resolvi falar de um assunto que pode até gerar muitas controvérsias, mas é muito importante em nossas vidas. Trata-se de quem fala, comenta, escreve ou assevera alguma coisa sobre um determinado assunto, pessoa ou qualquer coisa, sem ter certeza do que diz. E esses fatos acabam por serem levados ao conhecimento público, com seus efeitos muitas vezes devastadores ou no mínimo prejudiciais. É muito comum hoje em dia as pessoas afirmarem ou atribuírem fatos a autoridades, governantes, sem ter a certeza do que falam ou escrevem. Nas redes sociais a situação se complica porque há aqueles que usam de pseudônimos, apelidos, para não de identificar corretamente. E pelo bem que isso pode proporcionar em favor de sua segurança usam essas características para “se esconder”, se abrigar, e assim poder falar o que querem sobre qualquer assunto, muitas vezes de forma irresponsável.     

 

O meu pai dizia, quando ouvia duas pessoas discutirem sobre a veracidade ou não de alguma coisa, ambas se dizendo com a “razão” e com “certeza”, que: “quando duas pessoas afirmam que têm “certeza” sobre um assunto e suas ideias são distintas, uma delas está errada, logicamente. Não é mesmo? Um pensamento conhecido é aquele que diz “Abra sua mente antes da boca”, muito inteligente, por sinal. Significa que devemos pensar mais antes de emitir conceitos que poderão estar completamente equivocados. 

 

Ouve-se no dia-a-dia, comentários às vezes maliciosos ou mesmo aqueles que sem más intenções podem ser tendenciosos e não obedecem aos princípios básicos de sabedoria por parte de quem os produziu. Desse modo quase sempre são prejudiciais a alguém, a uma empresa ou a uma causa.

 

Quem nunca ouviu, por exemplo, uma pessoa chegar e dizer: “olha, disseram que você fez isso ou aquilo...”, “comentaram que alguém disse ou comentou sobre...”, “estão dizendo por aí que foi fulano ou sicrano que fez tal coisa...”. Ora, uma providência acertada, antes de transmitir ou aprofundar o boato seria perguntar para quem lhe fala: Quem disse? Você mesmo ouviu isso? Como as respostas quase sempre são evasivas e quem transmite um boato ou uma notícia da qual não tem certeza, não quer se comprometer. Regra geral que deveria ser empregada é a de que não se deve retransmitir uma notícia sem fundamentação, nunca escrever o que não pode assinar embaixo, ou levar adiante acusações ou pré-julgamentos sem provas.

 

A própria Justiça pode cometer erros, os quais muitas vezes são descobertos anos depois de alguém ter sido condenado injustamente. Os erros nestes casos quase sempre são irreparáveis. 

 

Os pontos de vista (os seus ou os meus)?

 

Cumpre aqui comentar a temática dos pontos de vista. Vamos supor que duas pessoas estejam no sopé de uma montanha, sendo que de lado opostos. E observam uma fumaça negra após uma explosão imediatamente que um avião passou por cima daquela montanha, saindo de um ponto que nenhuma delas pode observar com precisão.

 

Pois bem, nesse caso uma poderia pensar: “O avião caiu do outro lado e explodiu”. A outra poderia chegar à mesma conclusão. E ambas estariam erradas! Um terceiro ponto de vista foi omitido propositadamente no exemplo. Uma terceira pessoa poderia estar no topo da montanha e ter observado que o avião a sobrevoou normalmente e pouco depois se ouviu uma explosão seguida de muita fumaça, mas partindo de uma mineração ali existente, explosivos em uma pedreira, que seja... Não ouve má intenção em “achar” que o avião poderia ter caído, mas simplesmente ambos acreditaram em formulações mentais baseadas em dados não concretos! Ninguém viu o avião cair, mas sim, “presumiram” que o avião poderia ter caído.

 

Os quatro estágios que a mente pode atuar

 

No estudo da Lógica existe uma parte que aborda os quatro estágios em que a mente humana pode agir. São eles:

 

1º IGNORÂNCIA

2º OPINIÃO

3º DÚVIDA

4º CERTEZA

 

No primeiro estágio, o da IGNORÂNCIA, a mente não sabe, não conhece nada do objeto e assim não tem como formular uma ideia. O próprio nome diz: Ignora o objeto.

 

Por sua vez no estágio da OPINIÃO a mente tem alguns dados para se basear, mas que não são suficientes para uma verdade. Então é o que se chama de “dar um palpite” sobre determinado assunto. A pessoa às vezes ouve uma coisa, entende outra e repassa mais outra, diferente das duas anteriores. Uma opinião pode estar CERTA, vamos admitir. Mas esta certeza veio sem base alguma de conhecimentos sólidos e verdadeiros.

 

No terceiro estágio, o da DÚVIDA, a mente humana se encontra em uma situação diferente: exposta a determinado assunto ou objeto sua mente possui conhecimentos que a levam a pensar em duas posições. Como exemplo, após ouvir várias testemunhas em um tribunal, os jurados por vezes tem motivos (indícios, provas, fatos) que podem o levar para uma absolvição ou para uma condenação do réu. Eles podem ficar em DÚVIDA e terão de decidir por seus próprios julgamentos e aferição das verdades apresentadas com o que sua mente realmente considerou. Quem está no estágio da DÚVIDA pode errar ou acertar, mas o fez baseado em dados que recebeu e que lhe proporcionou um estado de avaliação ou julgamento.

 

E o último estágio é o da CERTEZA. Ocorre quando a pessoa está diante de uma situação, fato ou estória e possui elementos suficientes (provas, evidências) para afirmar de maneira correta. Assim há uma plena convicção de que o objeto é coerente com todos os fatos, o que leva a mente a identificar claramente uma situação.

 

Ainda assim, no estágio da Certeza, a mente humana pode errar e nos trair, por nossa própria qualidade de seres falhos.

 

Assim concluímos que devemos ter muito critério ao externarmos nossos pensamentos sobre pessoas ou fatos dos quais não possuímos dados suficientes para aferir ou verificar sua veracidade.

 

Uma boa regra de conduta seria a de nos indagar, antes de emitir um conceito: “posso assinar embaixo do que escrevi?” 

 

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