406 Anos de Messejana

 

 

 

A Matriz de Messejana invoca a memória do missionário jesuíta padre Francisco Pinto que junto aos índios Potiguaras alicerçaram o aldeamento de Paupina, fato que aconteceu no dia 08 de março de 1607. A grande Messejana celebra 406 anos de sua construção histórica e a sua presença marcante no contexto territorial da metrópole de Fortaleza, em 2013.

Na visão do pesquisador Adauto Leitão, o padre Pinto pregou uma proposta de paz aos índios. Foi o símbolo da conciliação entre os jesuítas e os índios. Ele explica que o governo açoriano tomou conhecimento do legado do padre Pinto através da sua pesquisa científica sobre O Março Zero de Fortaleza, em que relata a chegada de Pero Coelho de Souza e de Martins Soares Moreno, em 1604, e do missionário açoriano, em 1607.

Pelo seu trabalho científico, o pesquisador cearense e grande amigo da Comunidade Portuguesa, recebeu do Governo de Açores a Coroa e a Bandeira do Divino Espírito Santo, que, num gesto nobre Adauto doou esses símbolos açorianos para a Matriz de Messejana, onde estão guardados os restos mortais de padre Pinto.

O termo lexical Paupina derivou da corruptela de “Pai Pina” ou “Pai Pinto” que vem a ser uma homenagem ao padre Pinto, na forma do dizer indígena.  A veneração dos nativos ao missionário veio não somente pela maneira que os tratava. Conta os relatos históricos que os nativos acreditavam que o padre Pinto tinha o “poder de fazer chover”. Daí o seu corpo permanecer sepultado sob a guarda e veneração potiguaras. Desde 2009 um Memorial foi criado na Matriz de Messejana

 

O padre Pinto foi um indigenista além de jesuíta, considerado língua perito das variáveis falas dos tupis (tronco linguístico relativo ao conjunto de povos indígenas brasileiros); contemporâneo do padre Anchieta e do companheiro no Ceará do padre Luís Figueira que foram os primeiros, no Brasil, a criar uma gramática do Tupi obra que consagrou o exemplo dos Jesuítas como os religiosos mais próximos da cultura e saber dos nativos brasileiros.

 

Não obstante o martírio sofrido em 1608 na Ibiapaba; a passagem do padre Pinto, no Ceará, abriu uma singular página da Companhia de Jesus no Brasil; a Paupina foi uma Aldeia que recebeu uma denominação criada pelos Tupis em homenagem a um jesuita Missionário, rara situação de inversão dos papeis, geralmente na tradição católica havia motivações litúrgicas para batismo dos aldeamentos para catequeses.

 

Conta os relatos históricos que os nativos acreditavam que o padre Pinto tinha o “poder de fazer chover”; mito criado após suas orações, pois veio a precipitar uma tormenta em plena seca de 1607. Daí o seu corpo permanecer sepultado na Paupina sob a guarda e veneração potiguaras, e, assim permaneceu secularmente no sítio histórico. O Colégio Jesuítico tentou trasladar o seu corpo até Salvador, em 1614, mas houve resistência dos potiguares; outra tentativa para trasladar os despojos foi negada por Martim Soares Moreno em 1622; permanecendo o padre Pinto sepultado onde se localiza a Matriz de Messejana.

 

Desde 2009, um Memorial foi criado na Matriz, com peças sacras doadas pelos Açores, a Real Coroa e Bandeira do Divino Espírito Santo, símbolos que fazem deferência a sua origem açoriana. Comemora 406 Anos de Messejana é enaltecer um exemplo histórico de Paz e Concórdia!

 

Adauto Leitão - Pesquisador

 



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