Messejana – as tradições e a atualidade 

 

Messejana há 46 anos era muito diferente. O clima, inclusive, além da tranqüilidade e paz que os moradores podiam usufruir. Os jovens com suas serenatas, o antigo Balneário Clube de Messejana, o Conjunto Big Brasa e as músicas da Jovem Guarda. Tudo de bom. Lembranças de uma época inesquecível. Época em que a popuação local podia andar de dia e à noite sem susto, sem aquele medo de assaltos e sem o temor do transito violento. Houve melhoras, sim, mas um clima de saudosismo toma conta dos moradores que presenciaram aqueles bons tempos.

 

Messejana dispõe até de um sítio na Internet, que ajuda a preservar seus valores históricos, na companhia de muitos historiadores, estudiosos e outros colaboradores. É este, o Portal Messejana, que de forma árdua há dez anos luta para preservar sua linha imparcial e seus objetivos de divulgar Messejana, Fortaleza e todo o Estado do Ceará. Atualmente, com a criação do Instituto Portal Messejana, permanece firme em seus propósitos.

 

Hoje, com 409 anos de idade, o bairro mantém referências tradicionais, bem como se expandiu economicamente. O caos urbano se disseminou no bairro, em vista da alta densidade populacional e da instalação de boa oferta de serviços. A igreja de Nossa Senhora da Conceição está completando, em 2016, 260 anos. Uma grande festa da padroeira está sendo organizada pela paróquia, tida como uma das mais antigas do Estado.

 

No passado, chegou a ser município cearense, depois, virou distrito e, atualmente, bairro. Contudo, Messejana expandiu-se economicamente, e hoje conta com uma grande oferta de segmentos de comércios e serviços, em que não apenas atende à demanda local, como ainda a de municípios limites de Fortaleza, como Eusébio, Itaitinga, Aquiraz e Horizonte.

 

Berço das referências alencarinas (foi o lugar onde nasceu o escritor José de Alencar), o bairro mantém viva essa história, através de monumentos, nomes de ruas e suas edificações. O presente, no entanto, também é merecedor da estima dos moradores, porque emprega pessoas do lugar. Criou-se ali uma clientela cativa de supermercados, feiras livres e, sobretudo, bancos e redes de lojas, que fazem perder o sentido os deslocamentos para o Centro da Capital.

 

Lembranças e saudade do passado

 

O sentimento de respeitar o passado e o presente, mesmo que esses apresentem suas precariedades é expressado, especialmente, pelas pessoas simples do lugar. O comerciante Paulo Roberto de Sousa, 65 anos, lembra os tempos em que o bairro mais parecia uma cidade do interior, com a Igreja Matriz, o catavento, a casa paroquial, a praça e a rodovia federal (a BR-116), que cortava Messejana ao meio. Havia ainda o Cine Messejana, logo na entrada da cidade, que virou ruínas e, quando se pensou em tombá-lo, veio abaixo e se transformou numa grande rampa de escombros.

 

O rebaixamento de município para distrito e depois para bairro amargura Sousa, mas ele diz que houve uma energia recuperadora do orgulho da comunidade, que se considera independente e até um centro fornecedor para municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e bairros vizinhos.

 

O orgulho pelo passado é também lembrando pelo doutor em literatura e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Peloggio, para quem o bairro foi imortalizado na obra de José de Alencar, especificamente no romance Iracema.

 

No livro, o escritor cearense deu um ar de grandeza à heroína, que se banhava na bica do Ipu e, em seguida, aparecia na Lagoa de Iracema. Peloggio explica que esse episódio é o que mais ilustra a infância do autor, nascido e criado, até os oito anos de idade, no Alagadiço, antigo nome do bairro. Hoje, uma das edificações preservadas seria uma casa agregada do escritor da família, sendo mantida pela UFC. Aliás, neste semestre o local sediará um evento nacional, voltado para os estudos da obra de José de Alencar.

 

Caos urbano

 

Mesmo assim, há quem diga que o poder público não deu a devida importância ao crescimento do bairro, onde se verifica caos em suas vias centrais. Exemplo disso é o cruzamento das ruas Dr. Pergentino Maia e Coronel Francisco Ferreira, onde carros estacionam em esquinas e calçadas e caminhões trafegam a qualquer hora do dia.

 

Para além dos problemas, os atrativos de Messejana são enfaticamente vistos em seus principais equipamentos, como a estátua de Iracema, escolhida como um dos ícones de Fortaleza, e localizada na lagoa, a Casa de José de Alencar, suas praças, mercados e feiras livres.

 

Tradições religiosas são marcas presentes do bairro

 

Messejana também é um local de forte espiritualidade. A igreja de Nossa Senhora da Conceição está completando, em 2010, 260 anos. Em fevereiro, o governo português enviou de presente uma coroa de prata e ouro e uma bandeira do divino Espírito Santo.

 

O pároco, padre Daniel Morais de Sousa, destaca o catolicismo como uma marca forte do bairro e que permanece inabalável, apesar do crescimento de igrejas evangélicas, em quase toda a cidade.

 

Segundo o sacerdote, o fato de ser um lugar tranquilo, com muitas áreas verdes, foi um dos atrativos para reunir mosteiros, conventos e casas de religiosas, que ainda hoje estão instaladas naquela área.  

 

Mais recentemente veio para o lugar o Mosteiro de São Bento, que está localizado em uma área limite com o bairro da Paupina. No entanto, também estão firmados há décadas no lugar, o Seminário Seráfico, a casa das Irmãs Capuchinhas e casas de retiros de diferentes ordens religiosas. Essa vocação, conforme lembra, remonta aos primeiros trabalhos de evangelização promovidos por padres da Companhia de Companhia de Jesus, que chegou ao lugar há mais de 400 anos.

 

O Portal Messejana apresenta em suas reportagens, textos e fotos da Igreja de Messejana (no Menu Destaques) e disponibiliza, também, matéria e fotos do Mosteiro de São Bento, com uma matéria sobre Dom Beda.

 

Antes da chegada dos portugueses, com as missões militares e religiosas, neste local habitavam os índios potyguaras. Em 1607, os padres jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira, durante a jornada do Ceará rumo ao Maranhão, mantiveram contatos com os indígenas e, o local onde eles tinham suas habitações, nomearam de São Sebastião da Paupina. Messejana foi indicado no primeiro mapa do Ceará, feito por João Teixeira Albernaz, o velho. Em 18 de março de 1663, a então aldeia Potyguara foi oficialmente denominada de Aldeia de São Sebastião da Paupina.

 

Os jesuítas foram responsável pela urbanização de Messejana. Eles construíram, por exemplo, a primeira capela do bairro, a qual seria a base da atual Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

 

Em 1759, com a expulsão dos Jesuítas do Brasil, pelo Marquês de Pombal, a vila passou a ser chamada Vila Nova de Messejana da América.

 

Padre Daniel diz que, hoje, a comunidade católica convive com outras igrejas cristãs, como as evangélicas, sem que com isso haja maiores conflitos. "Entendemos essa expansão e não encaramos como uma competição", ressaltou o sacerdote.

 

Os atrativos da área

 

Além da Lagoa de Messejana, o bairro é conhecido também pelo Hospital de Messejana (construído em 1930 pelo arquiteto Emílio Hinko), Hospital de Saúde Mental de Messejana, Vila Olímpica de Messejana, Terminal integrado da Messejana e a própria casa onde nasceu José de Alencar, transformada hoje em museu. O lugar também é conhecido pela Feira de Messejana, uma das maiores de Fortaleza.

 



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