O nacionalista José de Alencar

 

 

 

Conhecido historicamente pelos seus romances indigenistas, o escritor é um dos mais importantes da cultura brasileira.

 

Em 1800, grandes escritores habitaram e registraram o que era o Brasil. De lá até aqui a literatura mudou em diversos aspectos, assim como a realidade do povo. Porém, os nomes destes literatos ainda ocupam um lugar de valor nas páginas dos livros e não só pela qualidade dos romances e contos, mas também pela representação de um Brasil diferente do que vivemos. Não fosse José de Alencar e suas publicações muito da história social do nosso país estaria perdida. Hoje fazem 48 anos de sua morte, fato que atesta toda a importância que seus livros tem, pois a validade ainda é a mesma da época de sua publicação. Imagine um Brasil sem “Iracema”?

 

Do Ceará, nascido na cidade de Messejana (atualmente um bairro de Fortaleza) no dia 1 de maio de 1829, o escritor José de Alencar cresceu num cenário de mudanças no país. Em 1822, após a Proclamação da Independência, D. Pedro I se torna imperador do Brasil, mas em 1831 cede a pressões internas e externas abdicando em favor do filho e regressando para Portugal. José de Alencar ainda teria outros contatos com a política quando o pai se tornara senador e logo após governador do Estado do Ceará.

 

Quando tinha onze anos de idade mudou-se para a atual capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro. Matriculou-se no Colégio de Instrução Elementar e 1844 em cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo. Começa a cursar direito em 1846, momento em que funda a revista Ensaios Literário, onde publicou artigo sobre questões de estilo. Em 1856 conclui a faculdade de direito e começa a publicar no Correio Mercantil como folhetinista. Nesse período começa a publicar seus primeiros romances: Cinco Minutos, em 1856, e A Viuvinha, em 1857. Também em 87 lança seu trabalho com maior peso e o que projetou certa notoriedade ao trabalho de Alencar: o Guarani.

 

Livros

 

Após a publicação de o Guarani, Alencar continuou produzindo a trilogia indigenista com os livros Iracema, que fora publicado em 1865, e Ubirajara, publicado no ano de 1874. O primeiro, epopeia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a “virgem dos lábios de mel” e “cabelos tão escuros como a asa da graúna”. O segundo tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade

 

José de Alencar também trabalhou alguns romances urbanos como Senhora, de 1875, Encarnação, escrito em 1877 e divulgado em 1893. Produziu na área de livros históricos lançando Guerra dos Mascates em 1873 e para o teatro. Sua obra é marcada pelo nacionalismo tanto nos temas quando no uso da língua portuguesa. Acredita-se que esta ligação se deu no período em que o país vivia quando nasceu José de Alencar. Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e um teatro em Fortaleza chamado “Teatro José de Alencar”.

 

Vida Política

 

Em 1859 tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império). Em 1868 tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869 candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador D. Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda.

 

Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca confirmada, poderia ser na verdade filho de Machado de Assis, o que para alguns daria respaldo para o enredo principal do romance Dom Casmurro. Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia.

 

Fonte - Walacy Neto



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