Conjunto Big Brasa em noites de embalo

no Clube Líbano Brasileiro

 

O Clube Líbano Brasileiro

 

Com uma excelente estrutura, bem localizado (sua sede em 1971 ficava na Tibúrcio Cavalcante, na Aldeota), possuía um palco com boa acústica e altura em relação ao grande salão de dança. A entrada para os músicos podia ser feita por duas escadas laterais, praticamente sem vista para o público. Uma iluminação discreta e adequada aos diversos ambientes favorecia a beleza do ambiente. Muitas mesas e espaços amplos, que favoreciam a boa circulação dos presentes. À parte ainda a Boate do Líbano, que ficava ao lado, na mesma área do Clube, e servia para eventos de menor porte. Os festivais realizados no Líbano tinham um sucesso antecipado e a procura muito grande. Todo mundo queria ir, participar e danças ao som de muitos conjuntos bons que por lá passaram. Fotografia do Blog Fortaleza Nobre, de Leila Nobre.

 

 

 

A presença do Conjunto Big Brasa no Clube Líbano

 

Vale recordar o que era muito bom! Sim, as festas no Clube Líbano, de Fortaleza, Ceará, eram muito animadas. E foram muitas aquelas em que o Conjunto Big Brasa deixou sua presença. Para os mais novos, que não conheceram o Clube Líbano e nem o Conjunto Big Brasa, vai uma pequena síntese do que se passava naquelas noitadas inesquecíveis.

 

Antes das festas

 

O preparo começava cedo, com o transporte dos equipamentos do Conjunto Big Brasa para o clube. Eu chegava sempre mais cedo, ajudava e acompanhava a montagem. Preocupava-me seriamente com todos os compromissos. Como na época as dificuldades de pessoal eram maiores, eu mesmo tinha o cuidado de até afinar bem os instrumentos, deixando-os “no ponto”, como se diz, para que cada um dos nossos músicos apenas conferisse antes mesmo de iniciar. O posicionamento das caixas de som e amplificadores, localização dos teclados, da bateria e dos microfones. E a rápida passagem de som para ver se tudo estava perfeito.

 

O início dos bailes

 

Muitas vezes o Conjunto Big Brasa, que tinha como uma de suas características a pontualidade, iniciava a festa com um tema que fosse, sem dúvida, impressionar todos os presentes. Os pequenos toques de guitarra (poderiam ser alguns riffs, como se emprega hoje em dia) eram o bastante para agitar a galera. Eu curtia muito dar uma animada no pessoal, minutos antes, com alguns efeitos de minha guitarra e usando pedais como o wah-wah. Um detalhe: este tipo de pedal foi inaugurado pelo Conjunto Big Brasa em uma apresentação no Clube Líbano! Como possuía um som característico e que as pessoas ainda não estavam acostumadas a ouvir, nós achávamos muita graça quando víamos pessoas, instintivamente, imitando, com trejeitos na boa, sem sentir, o som do wah-wah. O “Tema do Aeroporto” era uma das músicas muito tocadas no período. E a utilização do wah-wah pela guitarra chamava a atenção pela sonoridade e pelo próprio efeito.

 

Um tema musical pesado de muito sucesso

 

Dia de ensaio no “QG” do Big Brasa e nosso amigo e contrabaixista Lucius Maia nos apresentou a música “In A Gadda da Vida", da banda Iron Butterfly. De gosto musical muito apurado (rock, jazz, blues) ele acertou mais uma vez em cheio, como se diz. Após os devidos ensaios a referida música (link para o Youtube aqui) passou ao repertório do Conjunto Big Brasa. O tema musical favorecia a uma improvisação intensa, com a utilização das imagináveis viagens que todos nós fazíamos, durante sua execução. O Lucius Maia lembrará com toda certeza, assim como os demais integrantes do Big Brasa naquele período, do impacto que a música fazia ao ser iniciada. Um bom volume, com tudo bem ensaiado para proporcionar um bom espetáculo.

 

 

 

E assim se passou uma fase de ouro para todos nós, que fizemos o Conjunto Big Brasa, bem como para todos aqueles que conosco participaram das festas, que dançaram ao nosso som e que curtiram muito de um repertório selecionado.  

 

 

João Ribeiro da Silva Neto

Guitarrista-solo do Big Brasa

 

 



Exibir todas as matérias da Central do Rock