A Jovem Guarda em Balsas em 1967, com o Conjunto Big Brasa – uma festa e tanto!

 

 

Relembrar é viver! Há cinquenta anos o Conjunto Big Brasa teve a coragem de sair de Fortaleza e viajar até Balsas, no Maranhão, com quatro guitarras e sem contrabaixo. O que muita gente com o conhecimento atual poderia até classificar como grande ousadia, mas uma temporada memorável e de sucesso apoiada por nossos amigos, amigas, parentes e fãs!

 

Estou feliz por voltar à cidade novamente no dia 29 de julho de 2017 para relembrar os tempos do Big Brasa em boa companhia, durante a realização do 5º Encontro de Filhos e Amigos de Balsas, evento bienal promovido pelo nosso primo Esmaragdo Neiva e Silva, que tem alcançado pleno êxito em todas as suas festas. Especialmente para esta festa eu fiz uma paródia, na música Festa de Arromba, de Erasmo Carlos, que retrata bem nosso espírito festivo e faz homenagens a pessoas que estiveram em Balsas em 1967. Na oportunidade Esmaragdo fará uma homenagem especial aos balsenses que faziam parte do Conjunto Big Brasa e também a pessoas que marcaram presença na ocasião, como o nosso primo e amigo José Bernardino (que será representado pelo seu filho Erik Silva (também médico e prefeito atual da cidade), assim como Adalberto Pereira Lima que representará nosso saudoso Carlomagno (Carló). E eu, João Ribeiro, que também me considero um balsense de coração.

 

A temporada do Conjunto Big Brasa em Balsas, no ano de 1967!

 

Um panfleto circulou pela cidade, em 1967, antes de nossa chegada, anunciando:

 

“A partir do dia 18 do corrente mês se encontrará em nosso meio o conjunto Big Brasa, autêntico representante da música popular moderna. Trata-se de um conjunto de jovens, onde figuram dois balsenses, e que vem alcançando grande sucesso no meio social de Fortaleza. Espera-se contar com o apoio integral do povo balsense para este acontecimento, que cumprirá uma dupla missão: recreativa e cultural”.

 

A expectativa pela grande festa

 

Em Balsas o pessoal todo estava entusiasmado com a nossa presença. Dentre os mais animados estavam o nosso primo Bernardino, o Gonzaguinha e o próprio Mestre Alberto. Depois se seguiu a preparação do nosso “enorme instrumental” no clube. O problema maior era o som para a voz. Havia naquele tempo os “serviços de som” dos clubes, normalmente um amplificador com pouca potência e caixas de som também de baixa qualidade. Na última hora lembro que uma das caixas parou de funcionar (ficava na parte frontal do palco). Quem “salvou a pátria”, substituindo um alto-falante defeituoso, foi um padre italiano de quem não lembro o nome, que teve boa vontade de ajudar a todos naquela empreitada.

 

Volta triunfante pela cidade, uma recepção esplendorosa!


Seguimos do aeroporto de Balsas em cima de um caminhão, que rodou pelo centro e as principais ruas de Balsas, acompanhado por outros carros (a maioria jipes), como uma “carreata”. O pessoal ficava olhando aquilo tudo, admirado e acenando das portas e janelas. Tudo aquilo foi realmente impressionante para nós e a responsabilidade pesava mais ainda, depois daquela recepção. Era o Conjunto Big Brasa o primeiro conjunto com guitarras que iria se apresentar em Balsas. Daí se explicava toda aquela curiosidade.

 

Como era formado o Conjunto Big Brasa quando se apresentou em Balsas

 

Eu, João Ribeiro, tinha apenas 15 anos de idade e era o guitarrista-solo do conjunto. Os demais participantes eram o João Dummar (guitarra-base e vocalista), Marcos Oriá (guitarra-base), Severino Tavares (baterista), o nosso saudoso Carlomagno (Carló) – in memoriam e o Getúlio Alberto, meu irmão, que o papai dizia ser mascote do Conjunto.

Chegamos à cidade de Balsas e foi aquele sucesso estrondoso, uma festa marcante na memória de todos aqueles que dela participaram.

 

Certo é que havia grande empolgação de nós todos nós naquela excursão, principalmente de meu pai Alberto Ribeiro (in memoriam), o nosso guru e certamente o maior entusiasta daquela empreitada. Além disso, é importante mencionar alguns dos balsenses, parentes e amigos, que também nos apoiaram muito, principalmente o nosso primo José Bernardino e seu irmão Gonzaguinha – in memoriam – e tantas outras pessoas da cidade que estavam na memorável festa realizada no Clube Recreativo Balsense, o mesmo que em julho de 2017, 50 anos depois, realizará o 5º Encontro de Filhos e Amigos de Balsas, promovido pelo também nosso primo Esmaragdo Neiva e Silva, que foi o idealizador deste espetacular movimento bienal.

 

Mas voltando no tempo, foi um verdadeiro heroísmo de parte do Conjunto Big Brasa, que seria hoje inaceitável, pela vivência adquirida ao longo do tempo. Mas naquela época, em 1967, não tínhamos ainda experiência, estávamos iniciando um processo de formação musical com um ritmo e estilo novo, que foi denominado de Jovem Guarda e hoje “Anos 60”. Levamos para Balsas as primeiras guitarras e uma música diferente em tudo!

 

Guitarras ou tarrachas?

 

A curiosidade e o desconhecimento de conjuntos que utilizavam os novos instrumentos da onda, as guitarras, faziam que surgissem confusões até de nomenclatura, quando uma pessoa que passava na calçada do clube perguntou ao papai, que também era chamado pelos amigos de “Mestre Alberto”, logo após nossa chegada, se o nome daquele instrumento era “tarracha” ou guitarra. Ele sorriu explicou direitinho que o nome era mesmo “guitarra”.

 

Apesar das condições instrumentais do conjunto, mesmo assim sendo o melhor dentro das possibilidades da época, naquela temporada havia muita emoção e entusiasmo por parte de todos. Por causa disso e também da novidade que levamos para aquela cidade – as Guitarras - o Conjunto Big Brasa até hoje é lembrado por quem participou de seus bailes, como o melhor conjunto musical que por lá atuou. Boas e inesquecíveis lembranças, comprovando que a primeira impressão é a que fica...

 

E foi assim que tudo aconteceu em 1967, no ano em que o Conjunto Big Brasa se apresentou em Balsas, em uma memorável e inesquecível festa.


Toda a história, com muitos detalhes, está contada em meus livros sobre o Conjunto Big Brasa e minha trajetória musical desde criança até a juventude, com o a ideia de formação do conjunto, que viria a marcar uma presença muito importante no cenário musical do Estado do Ceará, na cidade de Fortaleza, nas cidades interioranas cearenses e de alguns Estados (Maranhão, Piauí e Pernambuco) onde o Conjunto Big Brasa também esteve, fisicamente, através de festas e shows e através da televisão cearense (TV Ceará, Canal 2, da extinta Rede Tupi de Televisão.

 

Depois do sucesso em Balsas, a cidade de Carolina imediatamente contratou o Conjunto Big Brasa para duas apresentações na cidade, mandando dois pequenos aviões para nos transportar. E tudo deu certo. Mas isso é outra história que contarei em outra oportunidade...

 

 

João Ribeiro da Silva Neto

 



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