As origens do rock e suas histórias

 

O rock como estilo musical surgiu segundo pesquisas da fusão do blues e do rythmn and blues com o country, a música caipira americana.

 

A batida do country com os acordes do blues, a música negra dos EUA, teriam dado origem ao nosso bom e velho rock and roll. A música negra oriunda dos campos de trabalho e do sofrimento de uma raça oprimida era gritada na sua temática de dor de cotovelo, solidão e abandono, e um de seus maiores expoentes foi o “blueseiro” Robert Johnson, que na década de 30 já estabelecia um perfeito diálogo entre a voz e o violão no blues.

 

Por sinal, já se dizia que Johnson havia feito um pacto com o diabo numa encruzilhada para tocar blues do jeito que ele tocava, e a lenda criou mais corpo ainda pelas circunstâncias bizarras de sua morte - envenenado por uma garrafa de uísque presenteada por um marido traído. O certo é que o estilo gritado do rock em todas as suas vertentes é uma herança direta do blues.

 

AS RAÍZES BRANCAS

 

Em 1954, Bill Halley e seus Cometas gravou o que se poderia determinar o primeiro rock and roll da história -“Rock Around the Clock”, que serviu de trilha sonora do filme “Blackboard Jungle” (Selva de Quadro Negro), que no Brasil ganhou o título de  “Sementes de Violência”.

 

A execução da música causava furou e tumultos nos cinemas aonde que quer que o filme fosse exibido, o que fez de Bill Halley e sua banda a primeira grande celebridade roqueira.

 

Com 27 anos, gordo, casado e com um topete meio gaiato na testa Halley estava longe de ser uma figura do rock nos moldes apresentados a seguir, mas foi ele quem abriu caminho para outras revelações do estilo.

 

Dessa maneira, o casamento da harmonia do blues com a batida do country americano, deu origem ao rock and roll primitivo.

 

A expressão rock and roll, cujo significado em tradução livre seria “deitar e rolar”, teria sido usada pela primeira vez pelo disc jockey americano Alan Freed, e teria pegado como definição de um estilo a partir da larga audiência do programa de rádio apresentado por Freed na década de 50.

 

A reação conservadora ao rock logo se fez sentir com os circuitos evangélicos mais radicais rotulando o rock de coisa do demônio, e os políticos de extrema direita até detectando indícios de uma conspiração comunista nos requebrados de Elvis, banidos do programa de Ed Sullivan na TV Americana, e proibidos por um juiz implicante em um show na Flórida, EUA.

 

No programa de Sullivan, as câmeras só podiam focar Elvis da cintura para cima, para que o rebolado famoso não contaminasse a audiência puritana americana em meados dos anos 50.

 

O rock contudo continuou a rolar, com Chuck Berry, um mestiço a partir da mistura de negro com índio, que celebrizou o famoso solo de guitarra de meia pestana, que permitia que ele solasse e acompanhasse ao mesmo tempo, Little Richard, cantor com gay, com seus sucessos que marcaram época como “ Tutti Frutti” e “ Long Tall Sally” e seu piano instigante que criou um batida inconfundível, e até roqueiros mais pop como Buddy Holly, que infelizmente teve sua carreira interrompida em 1959, por um desastre de avião que também vitimou os roqueiros Big Bopper e Ritchie Vallens.

 

Holly já fazia um rock mais leve e melódico que iria ter desdobramentos mais tarde com os Beatles e a Jovem Guarda no Brasil.

 

Na década de 50, portanto, o rock montou a sua plataforma de embarque para outros formatos estilísticos nos anos 60 e 70. Quanto aos conservadores que lhe torceram o nariz no início, bem, esses nunca fazem história de verdade, justo por se assentarem na mesmice, de modo que ninguém se lembra deles direito, ao contrário daqueles que ousam mudar. Esses sim, escrevem a história com a essência dos seus próprios sonhos.

 

Luiz Antônio Alencar - Eterno Big Brasa, músico e jornalista



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