Os Anos Dourados em Messejana

 

 

  

As lembranças são um espetáculo à parte em nossa memória. Principalmente as ótimas recordações que temos de Messejana, nos chamados Anos Dourados, época verdadeiramente inesquecível para os que a vivenciaram.  

 

As noitadas alegres de Messejana dos anos 50/60 eram caracterizadas por lazeres seguros, singelos e tranqüilos. O Balneário Clube de Messejana é marcante neste contexto.

 

O Balneário Clube de Messejana

 

Fundado em 1960, o Balneário ocupava uma estrutura simples, às margens da Lagoa de Messejana e oferecia como opção os banhos de lagoa, jogos de voleibol e futebol e as festas e tertúlias ao som de uma radiola com os discos de vinil rodando e duas caixas de som, executando Ray Conniff e sua orquestra, Perez Prado, Poly e sua Guitarra e outros itens orquestrados.

 

As festas e tertúlias geralmente aconteciam aos sábados e domingos, em tempos nos quais as sextas-feiras não eram designadas para as farras e festejos.

 

O Balneário Clube de Messejana, às margens da Lagoa de mesmo nome, era o centro das badalações e onde aconteciam as tertúlias e matinais dançantes. Muito bem freqüentado, foi palco de inúmeras festividades marcantes no cenário local.

 

A moçada se reunia e o "point" dos fins de semana, sem dúvida, era o Balneário, como simplesmente era chamado.

 

Sua sede ficava às margens da Lagoa de Messejana, na qual, segundo a lenda, e o escritor José de Alencar, Iracema, a "virgem dos lábios de mel", tomava banho e saía correndo até a Praia de Iracema, chegando a seu destino ainda com os cabelos molhados, tal a sua rapidez.

 

A vista do Balneário era muito bonita, tendo como cenário a belíssima Lagoa de Messejana, que às tardes nos proporcionava um pôr-do-sol magnífico, com cintilantes reflexos em suas águas. O Balneário Clube de Messejana tinha uma extensa área verde ao redor do salão, bem arborizada, formando um espaço muito agradável para seus freqüentadores.

 

O clube possuía uma arquitetura simples, sendo amplo e bem estruturado, no que se refere ao salão de dança e palco. Deixava muito a desejar pela precariedade de suas instalações de secretaria, bar e da própria fachada.

 

As festas na primeira metade da década de 60 reuniam a pequena comunidade de Messejana, então distrito, e nelas compareciam os homens, trajados de terno e as mulheres com vestido de festa. Os primeiros com brilhantina e as últimas com laquê no cabelo, uma substância que mantinha duro e armado, com o mesmo penteado impecável a noite inteira.

 

As orquestras presentes no clube, tanto podiam ser de renome local como até internacional, como Casino de Sevilha, Tobias Troisi ou Alberto Mota e seu conjunto, Ivanildo e seu Conjunto, Moreira Filho, todos executando rumbas, boleros, chá-chá-chá, merengues, sambas e outros ritmos ao sabor da época.

 

O bar do clube era dirigido por Seu Moacir Almeida, tendo como garçom o “Coquim”, servindo generosas doses de cuba-libre (rum com coca) para os presentes que se divertiam na madrugada acariciada pela brisa da lagoa, agitada pelo leque dos mangueirais iluminados pelas lâmpadas fluorescentes do recinto.

 

Depois da festa todo mundo ia á pé para casa, já que a grande maioria morava perto, e assaltos mesmo só em filmes e revistas em quadrinhos.

 

Já na Praça Tristão de Alencar, no centro ficava a União Recreativa José de Alencar (URJA), clube agregado ao time de futebol Messejana Esporte Clube e que possuía uma irradiadora que lançava na pracinha e adjacências o repertório de suas tertúlias ou simplesmente sua programação musical, constituída de Noca do Acordeon, Abdias e sua Sanfona, Trio Os Guaranys e outros nomes mais votados daquele período.  

 

Como o Balneário, a URJA mantinha o seu jogo de voleibol e também organizava suas quadrilhas juninas e festas de carnaval. Um dos locutores da irradiadora da URJA era o Luciano, conhecido como Lúbi-Lúbi, por ter quase dois metros de altura e uma risada de encher recintos. Sua voz era marcante nas transmissões das mensagens e na locução da irradiadora da URJA.

 

Messejana se divertia assim, de maneira singela e não menos alegre, nos anos dourados.

 

 

Luiz Antonio Alencar (Peninha), jornalista e eterno Big Brasa.

 

 

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