A Casa de José de Alencar

 

 

 

 

 

O grande escritor cearense José de Alencar, nasceu em 1929 no lugar que hoje denominamos Messejana. O Sítio Alagadiço Novo, que desde a década de 1960 está sob jurisdição da UFC - Universidade Federal do Ceará, tem ruínas das fundações da casa grande e de um engenho de cana-de-açúcar, e restaurada, a casinha dos fundos onde o escritor passou parte da infância.

 

José Martiniano de Alencar nasceu no Sítio Alagadiço Novo, na então Vila Nova Real de Messejana da América, também chamada Vila de Nossa Senhora da Conceição de Messejana. Mais antigamente ainda o local fazia parte da aldeia dos índios Paupina. Há controvérsias sobre a data de nascimento do escritor. Desde sempre se afirmou que José de Alencar nasceu no dia 1° de maio de 1829, mas segundo o batistério que pode ser visto no museu que faz parte do sítio, a data que consta como de nascimento é 1° de março de 1929. O escritor era filho de José Martiniano de Alencar, ex-padre, que ficou conhecido como Senador Alencar, e de sua prima legítima, Ana Josefina de Alencar.

 

José de Alencar foi um leitor voraz de cartas, jornais e livros românticos.

O jovem tornou-se advogado, jornalista, político, orador, romancista e dramaturgo. Ele faleceu no Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1877 e uma preocupação que o acompanhava era o destino de seus escritos, ele não acreditava que eles sobreviveriam ao tempo. Alencar é o patrono da Cadeira n° 23 da ABL - Academia Brasileira de Letras, por escolha do próprio Machado de Assis.

 

José Martiniano de Alencar, o pai, e sua prima legítima, Ana Josefina de Alencar, formaram uma união socialmente bem aceita, e Martiniano desligou-se bem cedo de qualquer atividade sacerdotal. Ele adquiriu o Sítio Alagadiço Novo no ano de 1826.

 

José de Alencar foi neto, pelo lado paterno, do comerciante português José Gonçalves dos Santos e de D. Bárbara de Alencar, que se consagraria heroína da revolução de 1817. Ela e o filho José Martiniano, então seminarista no Crato, passaram quatro anos presos na Bahia, pela adesão ao movimento revolucionário irrompido em Pernambuco.

 

Entre 1837-38, em companhia dos pais, o jovem viajou do Ceará à Bahia, pelo interior, e as impressões daquela viagem refletir-se-iam mais tarde em sua obra de ficção. Naquele ano de 1838 transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, onde o pai desenvolveria carreira política e onde ele freqüentou o Colégio de Instrução Elementar.

 

Formado, começa a advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil, e a escrever para o Jornal do Commercio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título de Ao correr da pena. Filiado ao Partido Conservador, foi eleito várias vezes deputado geral pelo Ceará; de 1868 a 1870, foi ministro da Justiça. Não conseguiu realizar a ambição de ser senador, devendo contentar-se com o título do Conselho. Desgostoso com a política, passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.

 

Seus estudos de teoria literária e concepções do que devia caracterizar a literatura brasileira, a seu ver, inadequável ao gênero épico, incompatível à expressão dos sentimentos e anseios brasileiros e à forma de uma literatura nascente, optou pela ficção.

 

O grande erudito casou-se com Georgina Augusta Cochrane de Alencar, e faleceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1887.

 

Na casa que resistiu ao tempo não há móveis ou qualquer outra lembrança da família, o que restou se encontra no museu contíguo. Ali também se encontra a Biblioteca Braga Montenegro, a Pinacoteca Floriano Teixeira, e o Museu Antropológico Arthur Ramos com 3.500 peças. Naque sítio ainda podem ver-se as ruínas das fundações das casas grande e de farinha e do primeiro engenho a vapor da estado, de origem francesa.

 

Dali saíam rapaduras, açúcar mascavo e aguardente. O antigo açude dos Alencar foi transformado num lago artificial, que hoje fica à mercê das boas quadras invernosas.

Havia o costume no final do século XIX e início do XX de os pais levarem os filhos ao sítio na confiança de que eles ficassem inteligentes, costume que na época se repetia em Roma e Veneza, por exemplo. Com o passar do tempo o costume foi esquecido.

 

O próprio Alencar descreveu em Iracema - Lenda do Ceará que as mães índias banhavam suas filha na lagoa da Parangaba para que elas ficassem tão bonitas quanto a princesa. Lendas também em Ipu falavam dos benefícios estéticos da bica onde a índia tomava seus banhos.

 

Toda esta tradição romântico-fantástica se perdeu com a modernidade.

Há quase dois meses, com o final da restauração da casa e reformas nos demais equipamentos do sítio, a UFC reabriu a Casa de José de Alencar à visitação de segunda a sexta-feira no horário comercial e aos sábados pela manhã. Visitar o sítio é viajar ao passado, programa para cearenses e turistas.

 

Amaury Cândido



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