Lagoa de Messejana! Qual?

 

 

 

O escritor José de Alencar decantou em prosa e versos a beleza e a exuberância da Lagoa de Messejana em seus romances. A índia Iracema percorria em passos rápidos distâncias longas para se banhar e se deliciar nas águas limpas e saudáveis da lagoa, preservada e acolhedora.

 

Muitos dos habitantes de Messejana, não só se banharam, como aprenderam a nadar em seus domínios. Quantos não se beneficiaram da pesca artesanal para sustento de suas famílias. Isto foi possível durante muito tempo. E hoje, como está a nossa lagoa?

 

Escritores atuais tentam, através de seus versos, uma aventura de reviver e renovar as esperanças de tempos tão saudáveis e longínquos. Pura empolgação na descrição paradisíaca deste patrimônio.

 

Uma estátua de Iracema foi colocada em suas águas, coisa para turista ver, passando a ser referência, como ponto de visitação obrigatório para os que nos visitam. No início só festa, muitas fotos, muita luz e um chafariz que simulava um permanente banho de cuia, refrescando a bela estátua. A modelo para servir de referencia para a construção da referida estátua foi escolhida através de um concurso, que pareceu muito sério, mas gerou polêmicas e críticas.

 

Porém o que temos hoje é o exemplo vivo do descaso do poder público, que abandonou por completo o cuidado para com o monumento, que na inauguração nos fez orgulhosos e que se tornou uma vergonha atualmente. Ninguém toma conhecimento ou dá explicações pelo abandono.

 

Por onde andará o nosso Gerente Regional? De quem se trata? Qual o forasteiro que ocupa desta vez o posto de comando administrativo de nosso bairro? Será que alguma vez pensou sair de seu gabinete com ar-condicionado e caminhar a pé pelas calçadas desfiguradas, esburacadas, ocupadas algumas por ambulantes? Ora, as pessoas que se danem e que andem pelo asfalto, também esburacado, e com esgotos a céu aberto permanentes.

 

A estátua foi cena digna de ser vista, apreciada. A população se deliciava com o banho da índia, quanta beleza emoldurada pela iluminação moderna, que refletida nas águas, dava uma sensação de orgulho ímpar, contemplativo. Pouco durou. Como estrutura permanece a estátua cega, sem brilho, sem banho, sem iluminação, desprezada, mergulhada nas águas sujas, fétidas e poluídas da atual Lagoa. O que foi decantado está esquecido e mal tratado. A urbanização realizada pouco durou. O vandalismo se fez presente por falta da vigilância municipal. Os esgotos se mantêm ativos, drenando dejetos, infectando seu leito num total abandono de quem deve fiscalizar e punir infratores. A beleza deu lugar ao descaso. Nada funciona.

 

Messejanenses, não podemos nos omitir! Aqui nascemos, temos famílias que cresceram e permanecem. Este é o nosso lugar. É necessário que tenhamos condições salubres para uma vida melhor.

 

 

                                                                 Fortaleza, 5 de abril de 2009

                                                                  Francisco PARENTE Brandão

                                                                             (Médico)



Exibir todas as reportagens e textos sobre Messejana