12 boas dicas para ajudar na escolha da profissão

 

 

 

Como escolher a profissão certa? Especialistas mostram como os vestibulandos devem agir na hora de escolher a futura profissão

 

Vestibular, carreira, profissão, sonho, vocação, metas, aptidão, futuro, realização pessoal... na mente do jovem vestibulando, essas palavras transitam em ritmo frenético, consequência da infalível pergunta que todos fazem ao final do Ensino Médio: que profissão escolher?

 

É raro um estudante que passa ileso por esse questionamento. Em geral, ansiedade, angústias e incertezas marcam o período, o que, na visão de especialistas, nem sempre é prejudicial. "Uma dose de ansiedade pode ser benéfica, uma vez que leva o aluno a se dedicar mais inteiramente ao processo de escolha. Não a ansiedade que paralisa, mas a que mobiliza para a vida", esclarece Alessandra Suplicy Conway, psicóloga em Santos-SP e membro da direção da ABOP (Associação Brasileira de Orientadores Profissionais).

Na maioria dos casos, esses sentimentos estão presentes porque os jovens pensam que estão fazendo uma escolha para a vida. "E este é um pensamento equivocado", acredita Andréa Godinho de Carvalho Lauro, orientadora vocacional do Colégio Vértice, em São Paulo. "É, sim, uma escolha muito importante, mas não é para toda a vida, porque muita coisa pode mudar pelo caminho", explica. Segundo a orientadora, os jovens não percebem (e, geralmente, por falta de maturidade) que este é só o começo de uma longa carreira que se inicia. "Escolher a profissão não significa definir toda a sua carreira", conclui.

 

Não há como prever todo o futuro só com a escolha da profissão. Regina Sonia Gattás do Nascimento, psicóloga e supervisora de orientação vocacional da clínica da PUC, em São Paulo, concorda: "A profissão é um dos componentes do seu projeto de vida, mas é preciso ter em mente que o mercado muda, as pessoas mudam. É preciso estar preparado para, muitas vezes, ter de ajustar o caminho".

 

O que o jovem vestibulando deve fazer para tomar a decisão mais acertada? Como encontrar a profissão que mais combine com o seu perfil? "Fundamentando sua escolha em muita informação", responde a orientadora Andréa Godinho. "O vestibulando precisa fazer uma busca rigorosa de informação, tanto sobre si próprio, quanto sobre as muitas carreiras existentes, o mercado de trabalho e as muitas frentes em que ele pode atuar".

 

O jovem tem de ter papel ativo na escolha da profissão. "Precisa buscar informações em diferentes fontes: na escola, na família, na universidade que pretende cursar e com profissionais experientes", recomenda a especialista Alessandra Conway. Investir no autoconhecimento é uma boa saída. "Conhecer-se é essencial para tentar se colocar de formar mais inteira na carreira", diz Regina Nascimento.

 

1. Identificar a área de interesse na escola

 

De quais disciplinas escolares você mais gosta? Em quais tem mais facilidade? Você tem melhor desempenho nas provas de matemática ou nas de português? Em biologia ou em história? Pois saiba que identificar as áreas de maior interesse na escola é um bom começo para se vislumbrar a profissão que mais combina com você. "E isso não é nenhum bicho de sete cabeças", acredita Michele Iacocca, autor e ilustrador do livro Em busca da profissão - Qual é a sua trilha?, editora Atica. Ele conta que com 12 ou 13 anos já havia percebido que gostava mais de escrever, das aulas de literatura e filosofia. "Então fui fazer letras e de lá foi trilhando meu caminho", lembra. Claro que não é nenhuma equação exata: porque se gosta de matemática, se deve fazer engenharia. "Mas é uma pista, e não pode ser ignorada", ressalta Andréa Lauro, do Colégio Vértice.

 

2. Conhecer-se com profundidade

 

Um exercício que pode ajudar na escolha da profissão é levantar traços de sua personalidade e identificar suas habilidades extracurriculares.

 

Parece simples, mas quando se precisa ter essas informações bem claras e relacionadas aos cursos que se pretende seguir, a coisa complica. Nessa hora, é importante tentar responder algumas perguntas: como eu me vejo? Gosto mais de atividades em ambiente fechado ou ao ar livre, em contato com a natureza? Prefiro me relacionar com muitas pessoas ou atividades com poucos amigos? Tenho mais habilidades motoras, espaciais, corporais ou manuais? Gosto que me proponham desafios? De que natureza? Quando abro um jornal, qual tipo de matéria eu prefiro ler? Sou uma pessoa muito dinâmica ou mais pacata? Sou mais empreendedor ou aprecio mais a estabilidade? Em que tipo de situação eu me sinto bem e em qual eu me sinto desconfortável? Segundo especialistas, o autoconhecimento é essencial para o vestibulando conseguir projetar-se numa carreira.

 

Por exemplo, é importante saber se você é o tipo de pessoa que valoriza mais a realização pessoal ou a segurança financeira; se é mais individualista ou está sempre preocupado em promover o bem estar social. "A partir daí ele vai buscar cursos que o permitam dar vazão a isso", explica Alessandra Conway, orientadora profissional e professora universitária.

 

3. Informar-se!    

 

Eis uma das missões mais significativas no processo de escolha do jovem vestibulando: buscar informações rigorosas (na Internet, nos guias de profissão, em revistas, em feiras etc.). Isso mesmo, afinal hoje em dia já existem cerca de 120 diferentes profissões, e cada uma com suas particularidades. "Escolher uma profissão só baseado no senso comum aumenta consideravelmente as chances de escolher mal", defende Andréa Gordinho, do Vértice. Para Regina Sonia, informar-se é essencial para romper com estereótipos. Algumas questões precisam necessariamente estar claras para o jovem: Como é o campo de trabalho de determinada profissão? (para não achar, por exemplo, que todo jornalista vai trabalhar na TV), Qual é a média de salário desses profissionais? Quais são as disciplinas do curso que pretendo fazer? O que determinada profissão exige do profissional? E assim até reunir todas as informações relevantes sobre uma profissão ou outra.

 

4. Conversar com a família

 

Falar com os pais sobre a escolha da profissão pode trazer bons resultados. Procure perguntar a eles como foi que fizeram suas escolhas. Peça para falarem do processo inicial. E depois, como tudo se encaminhou? "As famílias têm um know-how interessante, mas, às vezes, por uma resistência típica da idade, o adolescente não quer ouvir os conselhos, quer tomar sua decisão sozinho e isso é uma pena", comenta a orientadora vocacional Andréa Lauro. Ela sugere que as conversas em famílias sejam baseadas em informação. Tanto os pais quanto os vestibulandos devem ir atrás de dados concretos, visitarem universidades, feiras de profissões, até chegarem a uma conclusão do tipo "realmente essa profissão pode ser uma boa para você". A escolha é dos filhos, mas os pais devem dar o amparo necessário.

 

5. Procurar profissionais do mercado

 

Ninguém melhor que o profissional que já está inserido no mercado de trabalho para falar sobre ele e o dia a dia da profissão. Se você não conhece nenhum engenheiro químico ou biólogo ou outro profissional da área que lhe interesse, peça indicação a familiares e amigos, ou fale na sua escola para que eles tentem organizar encontros, levando esses profissionais para o colégio ou os estudantes para o local de trabalho deles. "Essa conversa é bastante relevante, pois o aluno pode perceber que aquela rotina profissional tem muito ou pouco a ver com a realidade dele, ou com o que ele quer para sua vida", explica Alessandra Conway, da ABOP.

 

"É uma forma de pesquisa que pode render informações novas, como descobrir que um profissional da área de humanas pode ter de trabalhar com estatística, por exemplo,", lembra Andréa Lauro.

 

6. Visitar universidades

 

Muitas faculdades públicas e privadas têm aberto suas portas para vestibulandos, curiosos para conhecerem a rotina da instituição, o ambiente, as disciplinas dos cursos e, assim, certificarem-se de que estão (ou não) fazendo a escolha mais afinada ao seu perfil. E esta é uma atitude bastante correta.

 

Procure descobrir como você pode fazer para marcar com o coordenador do curso. Ele é a pessoa mais preparada para dar todas as informações de que você precisa. Vá com sua família e amigos e tire todas as suas dúvidas.

 

7. Diferenciar profissão e carreira

 

Escolher uma profissão é o primeiro passo para se construir uma carreira. Isso mesmo! "Carreira é algo a ser construído e a escolha de hoje pode se desdobrar em várias alternativas amanhã", explica Alessandra Conway. Isso quer dizer que, se hoje você escolhe fazer Engenharia Civil pensando em trabalhar com grandes construções, ao final do curso essa pode nem ser uma possibilidade para você. Basta olhar o mercado e ver quantos engenheiros estão seguindo para a área econômica.

 

A especialista Alessandra acha essencial que o jovem tenha isso em mente e que não veja a escolha da profissão como uma sentença de vida. "Dentro de um curso, ele poderá seguir por dezenas de caminhos diferentes. Saber disso reduz a angústia", ela acredita.

 

8. Projetar-se no futuro

 

Perguntas que todo vestibulando deve se fazer, e tentar responder com o máximo de dedicação: como você se vê daqui a 10 anos? Numa profissão mais segura ou mais empreendedora? Qual estilo de vida eu sonho ter? Tenho metas para o meu futuro? Quero trabalhar em grandes cidades, no exterior ou ainda numa cidade menor e tranquila, perto da minha família? O que eu quero conquistar com a minha profissão? A partir dessas respostas, ele pode começar a enxergar-se em determinadas profissões. Não se trata de criar expectativas muito altas, mas de encontrar uma linha mestra que orienta na escolha da carreira a partir de objetivos para o futuro.

 

"Alguns jovens já conseguem perceber que, para eles, acima da realização pessoal está a segurança financeira. Então, eles seguramente abrem mão de carreiras mais esfuziantes. Outros já colocam a realização pessoal na frente de qualquer coisa. A escolha é de cada um, mas precisa sempre estar fundamentada em informações concretas", argumenta Alessandra.

 

9. Evitar idealizações

 

Um erro que muitos estudantes cometem é pensar que, porque escolheram uma determinada faculdade a partir de suas aptidões e vocação, necessariamente irão gostar de tudo que estudarão nesse curso. "Isso é impossível, e aumenta as chances de o aluno se decepcionar e desistir. Nenhuma faculdade vai de encontro com todos os sonhos dele", alerta a psicóloga Alessandra.

 

10. Identificar seus pontos fortes e fracos

 

Para que eles lhe fiquem bem claros, escreva-os em uma folha de papel. De um lado, coloque os seus pontos fortes e, de outro, os seus pontos fracos. Não deixe nenhum de fora. Em seguida, procure associá-los às profissões que você pretende seguir (para isso, você precisa estar bem por dentro de todos os cursos que lhe interessam). É uma maneira de se assegurar das habilidades que já tem, mas também perceber aquelas que terá de trabalhar para que consiga se sair bem em determinada profissão. Afinal, ninguém está completamente pronto para seguir uma determinada carreira e terá de se desenvolver em muitos aspectos.

 

Alessandra Conway, orientadora vocacional da ABOP, sugere aos estudantes um interessante exercício para que se conheçam melhor e reconheçam esses pontos fracos e fortes: que eles escrevam as suas biografias. Nesse texto, eles devem contar como era a infância, como foi a adolescência, até os dias atuais. "É uma forma de eles perceberem os movimentos que costumam ter na vida, diante dos desafios e das dificuldades", explica.

 

11. Procurar um orientador vocacional

 

Um estudante pode procurar um profissional para se sentir seguro com uma escolha que já foi feita ou mesmo para receber ajuda desde o início do processo, com o reconhecimento de suas aptidões. E o trabalho do orientador vocacional (ou profissional, como também é conhecido) é um diferencial porque é feito sem o julgamento que ocorre, por exemplo, nas famílias.

 

"Enquanto os pais já entram com uma expectativa para os filhos, o orientador vai habituar o aluno a olhar para ele próprio, de maneira mais isenta", diferencia Alessandra Conway, da ABOP.

 

Alguns colégios oferecem orientação vocacional aos alunos desde o 1º ano do Ensino Médio, como é o caso do Vértice, em São Paulo. "No 1º ano, começamos a conceituar as inteligências e habilidades, e já propomos algumas reflexões. No 2º, realizamos uma pesquisa de 70 profissões com os alunos e, no 3º, tratamos de forma mais personalizada, com conversas individuais e muita pesquisa", conta Andréa, que, junto com a coordenação, cuida da orientação vocacional no colégio.

Mas não pense que um orientador vocacional irá te dar a resposta pronta. O trabalho é apenas um instrumento para você conseguir se conhecer melhor e descobrir habilidades e aptidões.

 

12. Escolher com calma

 

Qual a diferença de se formar aos 22 ou aos 23 anos? Praticamente, nenhuma. Mas não é assim que se posiciona o jovem vestibulando, ansioso por entrar numa universidade, e muitas vezes também as famílias. Só que, diante de uma escolha tão importante, a pressa pode ser uma grande inimiga. "Para o jovem que ainda se sente inseguro em relação à sua escolha e tem condições de esperar mais um ano, fazer um cursinho pode ser favorável. É um ano a mais que ele tem para amadurecer idéias, conhecer-se melhor e buscar mais orientação", acredita a psicóloga da PUC, Regina Sonia. Mas ela observa: "tudo sempre precisa ser conversado com a família e com educadores, inclusive essa questão de prorrogar a entrada em uma universidade".

 

Fonte – Educar para crescer



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