Como escrever uma boa

 redação de vestibular

Essa velocidade toda da internet e da vida que a gente leva influencia, sim, o nosso modo de escrever. Tudo é sintetizado, e são poucas as oportunidades de desenvolver um raciocínio complexo destacando que sua maior dificuldade é organizar as idéias. - Fico enrolada na hora de construir a minha argumentação.

Com o objetivo de contornar essa pedra no meio do caminho na hora da prova, Augusto Barros, de 18 anos, que está fazendo vestibular pela segunda vez, criou um blog para exercitar a escrita e tentar vencer a regra geral de que "o mínimo é o máximo":

Na internet a gente não faz muito esforço, mesmo, é tudo abreviado e rápido. Acho que isso mexe com o nosso hábito de escrever. Eu tenho um blog, onde escrevo vários textos e também poesias. Dá para aproveitar a rede de diferentes formas.

É preciso conhecer e usar bem a gramática, para fazer o encadeamento das idéias em um texto.

Prática, a busca por informação e o investimento em leitura já são um bom passo rumo a uma boa redação (assim como você ter chegado a esta altura da reportagem...). Os três fatores, no entanto, precisam ser unidos com um conhecimento gramatical afiado, ensina o professor de língua portuguesa da Uerj, Cláudio Cezar Henriques.

Se você colocar dez excelentes frases sobre um tema, uma atrás da outra, não vai fazer o menor sentido. É preciso conhecer e usar bem a gramática, para fazer o encadeamento das idéias em um texto - diz ele. - No MSN e no Orkut, ninguém conversa ou manda recados usando conectivos, como "embora", "contudo", porque a conversa na internet é a língua falada sendo escrita.

Essa é a principal dificuldade de Guilherme Carriço, de 17 anos: desenvolver o pensamento de forma coerente.

Às vezes, você tem um monte de coisa para dizer, mas não sabe por onde começar, porque fica ali confuso e com medo de falar demais e sair do tema - pondera.

Com o ingresso na universidade em jogo, é preciso correr contra o tempo. E, na opinião de professores de redação, o texto bem escrito só aparece com a prática constante. Eles avisam, porém, que, para chegar a um bom resultado, não basta só exercitar o punho: é preciso colocar o cérebro para funcionar.

O que as universidades querem não é alguém que sabe todo o conteúdo do mundo. O esperado é que o estudante saiba identificar o que interessa e aplicar esse conhecimento, com autonomia de pensamento.  

Segundo Beauclair, que já participou de bancas de correção do Enem e de vestibulares, um bom começo para colocar a cabeça funcionando é aquela dica manjada: ler muito e se manter informado dos acontecimentos que estão na pauta do dia.

O que mais se vê nas redações é aquele pensamento único, todos repetindo o senso comum sobre o tema. Nem todas as provas trazem, por exemplo, uma boa coletânea de textos de apoio, que muitas vezes salvam o aluno. Por isso, quem tem informação sai na frente, porque pode colocar no texto aquela bagagem extra, ter argumentos consistentes exemplifica.

Para os professores a velocidade do mundo digital traz simplificação, sim, mas ela também é um fenômeno natural da linguagem. E, diante de um universo muito mais amplo para a pesquisa encontrado hoje, os estudantes precisam mesmo é de empenho.

Hoje o que é "vc" no computador já foi "vossa mercê". A questão toda é que há menos tempo para a reflexão sobre a vida. É preciso ler com cuidado e atenção tanto um livro quanto um texto na internet.

É preciso ler com cuidado e atenção tanto um livro quanto um texto na internet

É muito diferente a redação de uma pessoa que gosta de ler e de outra que não gosta. Mas, neste mundo de hoje, ninguém se concentra por muito tempo. Eu, por exemplo, adoro história e consigo ler sobre isso, mas é difícil ler sobre o que não se acha interessante.

Três passos para redigir uma boa redação

INFORMAÇÃO

Para construir bons argumentos, é preciso estar antenado. Quem não puder ou não conseguir ler jornal diariamente deve investir o tempo ao menos em revistas semanais, que trazem o que aconteceu de mais importante.

EXERCÍCIO

Escolha um colunista de jornal ou revista e, semanalmente, escreva um texto sobre o mesmo tema que ele e compare o resultado. Observando as diferenças de argumentação e linguagem, é possível compreender melhor como os textos são construídos.

PLANEJE

Antes de começar a escrever, faça um planejamento do que você pretende falar sobre o tema. Com um roteiro, fica mais difícil fugir do assunto. Escreva em um rascunho, mas, se surgir uma idéia nova melhor, não hesite em trocá-la.

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